quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Contos - Surrealismo Popular humorístico

Antropocentrismo?
(Diálogo intermitente entre dois personagens)


Estava andando pela estrada, já era noite.
Um homem escuro, com os dentes isolados ao ambiente aparece do nada e pergunta:
-Aonde vai meu senhor?
-Não sei, estou aqui só porque quis.
-Mas como quis ficar por aqui?
-Devido ao fato de eu existir.
-Mas se você existe, então por que está aqui?
-Não sei, talvez por obra do destino.
-Então o destino é sua mente?
-Talvez, nunca houve tal fato sem minha consciência.
-Como tem certeza que você está consciente?
-Simples, o leitor me fez consciente, se não estaria inconsciente.
Aparece uma lagartixa no meio do caminho em um poste contra a luz, olhava ambos fixamente. Eu digo ao homem:
-Olhe aquela lagartixa, com certeza ela está tentando assimilar a nossa imagem, mesmo que não compreenda, tenta entender, mas como não tem a mesma percepção que nós, ela para no momento em que o nível de complexidade atinge sua capacidade de assimilação.
-E nós?
-Nós somos iguais a lagartixa, com a única diferença de ter a capacidade de entender o que a lagartixa não entende.
-O que nós entendemos?
-O que está na nossa capacidade de compreensão.
-Onde é o limite?
-Não sei onde é o limite, pelo simples fato de ultrapassar minha capacidade de compreensão.
-Se nós temos a capacidade de entender o que a lagartixa não entende, você entende a lagartixa?
-Claro que não!
-E como entende os limites dela?
-Porque ela não entende o nosso espaço.
-Mesmo que o nosso espaço seja igual ao dela?
-Sim, claro! Nós possuímos dons os quais a lagartixa não tem.
-E se a lagartixa possuísse os mesmos dons que nós?
-Ainda seria uma lagartixa.
-E o leitor que te deu consciência?
-Ainda seria um leitor tentando entender nossos próprios limites.


Willian Safra

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